Rede LEQT compartilha aprendizados a partir de sua atuação em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro

Desde 2017, a Rede Temática Leitura e Escrita de Qualidade para Todos (RT LEQT) atua no município de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, junto à prefeitura e a organizações locais, visando fortalecer as ações do Plano Municipal do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (PMLLLB).

A experiência da LEQT no município carioca foi sistematizada a partir de entrevistas com pessoas envolvidas ativamente no processo, mapeando aprendizados que devem ser aplicados no direcionamento das ações do grupo de trabalho (GT) Territórios. 

Voltar sua atuação ao fortalecimento e à articulação de atores públicos e privados a fim de contribuir com o desenvolvimento e a melhoria dos índices de leitura dos territórios sempre foi um dos objetivos da Rede em seus mais de oito anos de atuação e dialoga com a diretriz estratégica de fortalecer políticas públicas de promoção da leitura com ações intersetoriais nos territórios e articulações regionais e/ou nacionais. A vontade de extrapolar a troca de conhecimentos e experiências realizando uma ação conjunta encontrou eco na Carta de Princípios da LEQT, que coloca a experiência prática como uma das expectativas da Rede para comprovar suas premissas. 

“A LEQT nunca foi uma Rede para apenas discutir teoricamente os aspectos da leitura e da escrita. Ela sempre se propôs a apoiar os territórios a partir da democratização da leitura. Como mostrou o mapeamento que realizamos, são muitos os atores que a compõem, mas com a mesma finalidade de garantir a leitura e escrita de qualidade para todas as crianças e jovens”, explica Dianne Melo, coordenadora de engajamento social e leitura do Itaú Social e membro da coordenação da RT LEQT. 

A escolha do município para a primeira atuação territorial do grupo considerou o fato de Nova Iguaçu ter sido a primeira cidade brasileira a possuir um PMLLLB em forma de lei, construído com a participação da sociedade civil e com destinação de recursos do orçamento público. 

Fortalecimento do trabalho em rede 

Para Dianne, a compreensão da complexidade da atuação de uma rede em um território – independente de qual seja – foi um dos principais aprendizados para a LEQT. Um dos achados do processo de sistematização da experiência aponta para a percepção de que os membros da Rede precisam se identificar com as ações coletivas para que estas sejam bem-sucedidas. 

“Muitas das ações realizadas pela LEQT em Nova Iguaçu se deram de forma mais individual, apesar do reforço do GT Territórios sobre a necessidade de uma atuação coletiva. Precisamos avançar mais no trabalho em rede”, observa Dianne. 

Segundo a coordenadora, o aprendizado vale também para o setor do investimento social privado como um todo, que deve realizar mais parcerias e investir no desenvolvimento do trabalho em rede a fim de otimizar os recursos – técnicos e financeiros. “Um país como o Brasil tem muitos municípios diferentes entre si, mas com condições de aprender com as experiências de seus pares”, afirma. 

Sintonia entre oferta e demandas locais 

O trabalho em rede parte de premissas como articulação, escuta e reafirmação dos saberes locais para a construção de soluções conjuntas. A atuação da LEQT em Nova Iguaçu não foi diferente, tendo o grupo se deparado com todas as potencialidades das organizações e comunidades locais, e, naturalmente, também com os desafios, o que faz parte do processo.  

Uma das contribuições da LEQT para o município foi, inclusive, a articulação de atores locais que antes não dialogavam, a partir da valorização das questões do território e do estímulo ao desenvolvimento local. 

A experiência possibilitou ainda a compreensão da necessidade de mais equilíbrio entre o que a Rede podia oferecer e as reais demandas do município. “As possibilidades de contribuição oferecidas pela LEQT são muito diversas, mas é importante entender quais delas melhor atendem aos objetivos do território”, ressalta Dianne. 

Próximos passos 

A interlocução com os atores locais foi importante para a realização de ações como distribuição de livros e formulação do espaço de uma biblioteca. Essas práticas e experiências contribuíram para que a Rede pudesse adquirir mais conhecimentos, se fortalecer em seus propósitos, investir em sua identidade enquanto grupo e fortalecer processos internos.

“A experiência em Nova Iguaçu foi incrível. A oportunidade de atuar em um território como rede foi muito importante por todos os aprendizados gerados”, observa a coordenadora. 

Todo esse arcabouço de novos conhecimentos também serviu para que a LEQT pudesse avaliar suas práticas e pensar novos caminhos de atuação, o que influenciou o reposicionamento do GT Territórios. 

“Ao final de dois anos de atuação em Nova Iguaçu, instituímos outras diretrizes de trabalho dentro do GT, com um olhar mais abrangente do que exclusivamente para um único local. Acreditamos que a LEQT tem condições de contribuir com vários outros territórios e, por isso, já estamos olhando para os planos municipais do livro e da leitura de diferentes municípios”, revela a coordenadora.  

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