Rede LEQT discute ações, reconhece avanços e traça próximos passos
Muitos avanços estiveram na pauta da reunião geral da Rede Temática Leitura e Escrita de Qualidade para Todos (LEQT) do GIFE, realizada no dia 8 de junho, na sede da Mais Diferenças, em São Paulo.
A sequência de discussões começou com um balanço das atividades das quais a Rede participou no X Congresso GIFE, que aconteceu em abril, em São Paulo. Na programação aberta, a Rede LEQT ficou responsável por organizar a mesa “É possível um Brasil democrático e sustentável sem leitura e escrita de qualidade para todos?”. Apesar de ter contado com 63 participantes na sessão, Ana Lima, sócia da Rede Conhecimento Social e membro da coordenação da RT, destacou que muitas das organizações presentes – 46 ao todo – já têm alguma ligação com escrita e leitura.
“Ainda estamos ‘pregando para convertidos’ se formos analisar as organizações participantes. Mas ter feito uma atividade no Congresso foi muito importante. Nosso desafio é pensar em como a LEQT pode promover a causa da leitura em organizações que ainda não estão focadas nisso, mas que podem usá-la como estratégia para sua atuação.”, destaca.
Já na programação fechada, Patrícia Lacerda, gerente de Educação, Arte e Cultura do Instituto C&A e membro da coordenação da RT, foi a representante da LEQT na mesa “Expandindo conexões: Aprendizados e avanços na atuação em rede”. Entre as 16 sessões da programação fechada, esta foi a terceira mesa com melhor avaliação: 49% dos participantes classificaram a atividade como “muito satisfatória”.
Pamela Ribeiro, coordenadora de Responsabilidade e Investimento Social da FTD Educação e membro da coordenação da RT, ressaltou que, apesar do painel ter sido formado por quatro organizações diferentes, ficou claro que não existem caminhos certos ou errados quando se trata de atuação em rede, e sim um conjunto de ações que fazem sentido para os membros do grupo.
Articulações em Nova Iguaçu
Monica Silva, da Rede Baixada Literária, deu continuidade aos trabalhos e ficou responsável por colocar os participantes a par da articulação no território de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, escolhido pela Rede LEQT para a realização de uma ação coletiva. Segundo ela, o próximo passo é estabelecer um diálogo com a nova gestão da Secretaria de Educação do município.
Ana Lima, por sua vez, destacou a necessidade da LEQT pensar numa forma de organização para que algumas organizações de fato se unam e compareçam fisicamente em Nova Iguaçu. “Sem uma reunião presencial é difícil articular, porque não criamos um vínculo. Precisamos começar a fazer uma divulgação maior da LEQT no município, em um movimento de mostrar que somos uma rede interessada em colaborar na constituição de Nova Iguaçu como uma cidade leitora”.
Patrícia Lacerda complementou ao defender o aprendizado desse modelo de investimento no município. “A LEQT não vai para Nova Iguaçu prestar um serviço ou fazer uma transferência de recursos financeiros, e sim localizar o desejo que o município já estabeleceu para si mesmo e oferecer ferramentas que vão ativar os atores já presentes no território”.
Governança e o conselho consultivo
Outra pauta que preencheu grande parte da manhã foi a formação de um conselho consultivo. Pamela Ribeiro explicou aos participantes que o tópico “governança” começou a ser debatido com mais ênfase no final de 2017, uma vez que a Rede chegou a um determinado nível de maturidade e sentiu necessidade de institucionalizar uma estrutura além da coordenação, composta atualmente por cinco organizações (GIFE, FTD Educação, Instituto C&A, Rede Conhecimento Social e Fundação Itaú Social), e de Iracema Nascimento, secretária executiva da RT.
“A nossa ideia é inserir um novo elemento, o conselho consultivo. Ele terá o objetivo de democratizar as decisões que acontecem dentro da LEQT e possibilitar que todo mundo participe de forma mais ativa na rede, fazendo com que exista uma representatividade maior das organizações que fazem parte do ecossistema de leitura. Sentimos que é possível dar mais riqueza para as decisões se houver uma composição diversa”, ressaltou Pamela.
Nesse momento, os participantes receberam uma prévia do documento intitulado “Proposta de Governança da Rede LEQT”. A primeira tarefa do conselho consultivo será avançar e bater o martelo sobre alguns pontos trazidos pela proposta, como o tempo de mandato, a princípio de dois anos com possibilidade de renovação por mais dois.
Ao todo, nove instituições farão a composição dessa nova ferramenta da Rede. Durante a reunião, sete instituições foram acordadas entre os participantes: Instituto Pró-Livro na posição de cadeia produtiva; SPleituras em bibliotecas públicas; CEDAC em bibliotecas escolares; Instituto Emília e Fernand Braudel em promoção de leitura; Mais Diferenças e CENPEC em produção de conhecimento. Estão em aberto os cargos de cadeia criativa e bibliotecas comunitárias.
A ideia é que o conselho se reúna antes das reuniões gerais para definir pautas, ação que atualmente é realizada pelos membros da coordenação. Além disso e do apoio à coordenação, o grupo deverá pensar em maneiras de enriquecer os encontros, trabalhar a questão do advocacy e como a rede se posiciona, além de lidar com questões pontuais, como a elaboração de uma mesa da LEQT a ser realizada na Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP).
Patrícia avalia que, apesar de envolver todo o grupo na tomada de decisões ser um processo demorado, essa forma de atuação consolida a capacidade de uma gestão compartilhada. “Para que uma rede funcione, precisamos de fato decidir em conjunto o nosso rumo. No começo, éramos muito focados em quem estava puxando a iniciativa. Aos poucos, estamos construindo uma estrutura de decisão coletiva, por isso a questão da governança é tão importante. O bom de uma rede é que em qualquer ponto ou integrante dela pode surgir uma nova direção, o próximo passo a ser dado”.
Aplicação piloto do conjunto de Indicadores
A parte final da reunião foi destinada à apresentação de uma aplicação piloto do conjunto de indicadores elaborado pelo GT de Indicadores, realizada pela Fundação Educar DPaschoal.
Os indicadores foram utilizados para avaliar o Leia Comigo!. Trata-se de um projeto de leitura criado em 2000 pela Fundação, com o objetivo de editar, publicar e distribuir livros infantojuvenis com conteúdos que promovem valores e possam despertar o interesse das crianças pelos livros, incentivando a leitura. Escolas públicas, bibliotecas e organizações sociais que tenham projetos de incentivo à leitura podem acessar o site da Fundação e fazer a solicitação das obras.
Para realizar a avaliação, foi criado um questionário online, com esferas, dimensões e indicadores específicos para esse projeto. Com a experiência, foram obtidos alguns aprendizados, como: uma possível planilha de excel com os filtros para uma visualização mais imediata do número de perguntas por dimensão e indicador; aplicar um questionário teste; analisar se a formulação da pergunta faz sentido na realidade que será aplicada; disparar o questionário novamente se tiver poucas respostas; analisar as respostas coletivamente e com tempo; entre outros.
Para que os participantes pudessem vivenciar o processo de escolha e elaboração das perguntas para aplicar os indicadores, o grupo foi dividido em pequenos núcleos, que deveriam pensar em questões para um caso fictício apresentado na reunião.
Próximos passos
A primeira reunião do conselho consultivo no início deverá ser realizada em julho, seguida de outra em setembro para que algumas organizações membros da Rede possam fazer uma aplicação dos indicadores. Os resultados dessas ações serão discutidos em um seminário a ser realizado em novembro.