Rede Temática de Leitura e Escrita de Qualidade para Todos traça planos para 2016 e compartilha iniciativas na Flip
Perceber a importância em se investir em iniciativas de fomento à leitura e à escrita parece ser algo já de consenso em toda a sociedade, afinal, elas são a base de praticamente tudo em nossa vida, correto? Infelizmente, não é bem assim! Mas, para mudar esse cenário, há um grupo que tem se dedicado à trazer o tema para o debate e disseminar, pelo país, o quanto o assunto merece muito mais destaque devido à relevância dos programas e políticas públicas neste campo no Brasil.
Essa é a aposta da Rede Temática de Leitura e Escrita de Qualidade para Todos, grupo que existe desde 2012, e reúne diversos associados do GIFE, assim como outras organizações, especialistas e movimentos da sociedade civil no tema, que já têm conquistado resultados importantes em seus projetos.
No dia 28 de junho, o grupo se reuniu mais uma vez agora para discutir os planos de 2016 e pensar em iniciativas colaborativas e concretas, a fim de unir esforços, conhecimentos e recursos destas organizações que já atuam no campo e querem ampliar e fortalecer as ações, mostrando o quanto o letramento dialoga com todos os temas da Rede GIFE. Hoje, 85% dos associados GIFE investem em educação e há, portanto, um amplo espaço para que as iniciativas de promoção à leitura e à escrita ganhem ainda mais espaço no ISP.
“Decidimos fazer um plano de intervenção conjunta, realizado de forma articulada, potencializando os saberes do grupo e aproveitando a riqueza de sua diversidade”, ressaltou Ana Carolina Velasco, gerente de Relacionamento e Articulação do GIFE.
Durante o encontro, foram compartilhadas quatro propostas de ação que os membros Rede Temática do encontro anterior, em maio, haviam discutido e aprofundado, em pequenos grupos, ao longo do mês. A primeira proposta é criar e implementar um projeto piloto de política de leitura em um território.
“A ideia é aproveitarmos o momento em que o governo está construindo o orçamento a fim de assegurar recursos para a implementação de fato do projeto em 2017”, comentou Ana Lúcia Lima, do Instituto Paulo Montenegro, destacando que o objetivo é utilizar a expertise dos membros da Rede Temática, somar esforços e metodologias que já deram certo e, com isso, conquistar resultados significativos numa solução integrada para um território.
Entre as ações que o grupo pensou para este plano, estaria o acesso a recursos públicos para criação e manutenção de bibliotecas em escolas e a inclusão do profissional que atua na biblioteca no programa de cargos e salários. “Entre os impactos esperados estão: referência para implementação de política pública sustentável de biblioteca em escola aberta à comunidade por meio de parceria público/privada; formação de rede local de bibliotecas: escola, pública, comunitária; e elevação de nível de alfabetismo local”, comentou Christine Fontelles, socióloga e consultora de educação do Instituto Ecofuturo.
A segunda proposta da Rede Temática é conseguir articular e fortalecer redes de bibliotecas (públicas, escolares e comunitárias). “Queremos reconhecer quais são estes equipamentos que já estão nos territórios voltados para a promoção da leitura e escrita e como eles podem ser fortalecidos a partir do momento em que se articulam e passam a atuar de forma mais integrada”, destacou Patricia Lacerda, gerente de Educação do Instituto C&A.
Para a realização desta ação, o grupo pensou em algumas estratégias, como, por exemplo, uma plataforma com coleta de dados das bibliotecas com diálogo com as plataformas existentes e certificação para o reconhecimento dos bibliotecários e profissionais de bibliotecas que operam nos territórios, além de acompanhamento e monitoramento da Rede na promoção da leitura/escrita.
Outro subgrupo da RT trabalhou no sentido de pensar em uma terceira frente de ação, que seria para desenvolver e consolidar indicadores de políticas e programas de formação de leitores. O grupo trouxe como ideia um primeiro movimento, que seria o de um levantamento interno, a partir de um questionário que está sendo elaborado, para aí sim consolidar alguns indicadores. Já a quarta e última frente de ação seria para no sentido de estabelecer esforços da RT para mobilizar e engajar diversos atores da sociedade civil para o tema.
A partir das ideias compartilhadas, os participantes da Rede Temática estabeleceram alguns próximos passos, como a elaboração de um manifesto da rede, destacando os princípios e o que o grupo está se propondo a fazer, além de trabalhar ao longo do mês no aprofundamento das quatro iniciativas inicialmente apresentadas no encontro, e definir o que será estabelecido para atuação no território.
Disseminando ações
O resultado do trabalho da Rede Temática, inclusive, foi apresentado na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), em uma mesa de debate promovida pelo Instituto C&A em parceria com o Instituto Pró-Livro e o jornal O Globo, na Casa de Cultura Câmara Torres, no dia 01 de julho.
“Esse convite para participarmos da Flip mostra a importância do tema e valoriza as ações promovidas pela Rede até agora. Foi um ótimo momento para ouvir outras experiências, compartilhar também os nossos aprendizados e convocar mais atores para fazer parte deste movimento conosco”, destacou Ana Carolina Velasco, gerente do GIFE que representou a RT no encontro.
Além destas mesa, mais dois encontros foram organizados pelo Instituto C&A durante a Flip, que contou com a presença de diversos associados do GIFE. No dia 30, com o tema “Leituras Cruzadas”, especialistas discutiram sobre ‘quem é o leitor no Brasil’, os livros produzidos pelo mercado editorial e o perfil dos analfabetos funcionais, com base nos dados das pesquisas Retratos da Leitura no Brasil, Produção e Vendas do Mercado Editorial Brasileiro (Fipe) e do Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf).
Também no dia 01 de julho, no debate “O Xis da Questão”, Maria Alice Setúbal, Antônio Gois e Marcílio França Castro, discutiram os resultados das pesquisas apresentadas no dia anterior.
“Sempre acreditamos na importância da leitura para o desenvolvimento de cidadãos conscientes do seu poder de transformação. Por isso, nesta edição, articulamos discussões que ajudam a compreender o perfil de leitores e não leitores, a fim de descobrir caminhos para transformar o Brasil em um país de leitores”, disse Patricia Lacerda.