Rede Temática Leitura e Escrita de Qualidade para Todos apresenta proposta para 2017

O ano de 2017 será movimentado para os participantes da Rede Temática Leitura e Escrita de Qualidade para Todos, que iniciou seus encontros no dia 07 de fevereiro, em São Paulo. Isso porque, a partir de agora, o grupo começa a implementar um plano conjunto que prevê uma série de ações até o próximo Congresso do GIFE, em maio de 2018, com o intuito de fortalecer a promoção da leitura e escrita no país.

O planejamento começou a ser traçado em 2016, num esforço colaborativo, contando com a atuação e engajamento de cinco grupos de trabalho. Com o apoio de uma consultoria externa, a Rede conseguiu avançar e consolidar o plano, integrando as propostas dos grupos em uma ação convergente.

O projeto ganha fôlego também com o aporte de recursos realizado pelo Instituto C&A e pela Fundação Itaú Social para a constituição de um fundo, que permite vislumbrar e impulsionar uma ação mais orgânica e perene da Rede. Neste momento, cada organização direcionou R$100 mil. Patrícia Lacerda, gerente de Educação do Instituto C&A, enfatiza que o trabalho em rede é uma premissa da organização e, por acompanhar a RT desde o seu início, em 2012, percebeu a necessidade de se investir financeiramente na rede para que, de fato, ela pudesse se consolidar.

“Acreditamos que o trabalho colaborativo torna as ações mais sustentáveis. Além disso, vemos neste espaço coletivo da RT um embrião forte de um movimento que pode receber parte do esforço que o Instituto vem fazendo nesta agenda de leitura e escrita no país e que queremos deixar como legado. Acreditamos que o fundo, gerido coletivamente pela Rede, pode viabilizar e dar mais capacidade produtiva ao grupo”, comenta a gerente.

Angela Dannemann, superintendente da Fundação Itaú Social, acredita que a ação colaborativa proposta pelo grupo tem o potencial de servir de aprendizado para muitas organizações que atuam nessa frente. “O primeiro mérito da iniciativa é construir um espaço de diálogo entre diferentes instituições, favorecendo a circulação do conhecimento e a construção de uma agenda efetiva. Esse é um momento propício e de maturidade da Rede para identificar as áreas de interesse comum e as possibilidades de ação complementar ou conjunta, tendo como um sonho comum fomentar a leitura e a escrita de qualidade no país”, ressalta.

Plano de ação

Para a elaboração do plano de ação, o grupo estabeleceu algumas premissas que orientam a visão da Rede. Entre elas está a constatação de que a cultura escrita é bem comum e direito, um dos pilares da democracia, e sua garantia pressupõe inclusão e acessibilidade de todas as pessoas, mas seu usufruto é marcado por grandes desigualdades no Brasil. Além disso, o grupo acredita que garantir proficiência para a apropriação da cultura escrita por todas as pessoas é desafio civilizatório, a ser alcançado pelo fortalecimento das políticas públicas e de esforços cooperativos e coordenados do Estado, dos setores produtivos e de toda a sociedade.

A partir desses pressupostos, a Rede pretende atuar em três campos prioritários: 1. Uso de indicadores que possam orientar a implementação de projetos de promoção da leitura com melhor qualidade e maior impacto; 2. Valorização do equipamento biblioteca, por sua potencialidade de congregar uma rede de leitura no território; 3. Atuação de bibliotecas em rede, fortalecendo-as para discutir e influenciar políticas públicas, visando ampliação e qualificação do atendimento aos leitores.

Sendo assim, o plano de ação da Rede para 2017 conta com dois objetivos centrais. O primeiro deles visa identificar, sistematizar, formular e divulgar indicadores que possam dar suporte para avaliar as ações propostas pela própria Rede em interface com as políticas públicas, assim como construir indicadores comuns para a realização de ações coletivas de promoção de leitura e formação de leitores.

Como resultado, a Rede pretende elaborar uma publicação com um conjunto de indicadores que servirão como referência ao investimento social privado e ao poder público no processo de definição de projetos nesta agenda. “Essa ação será um grande ganho, pois cada organização poderá olhar para os seus projetos individuais, inclusive, a partir de um norte que foi construído coletivamente e consensado. Chegamos num momento da Rede de gerar conhecimento”, comenta Patrícia Lacerda.

O segundo objetivo diz respeito ao fortalecimento de redes de bibliotecas em territórios e articulações regionais e/ou nacionais. Essa frente do projeto contempla algumas ações prioritárias: a implementação e sistematização de um projeto piloto de biblioteca aberta à comunidade, a partir das experiências de cada organização, de forma a oferecer um modelo possível para outros projetos e políticas, assim como o fortalecimento de iniciativas já existentes de articulação em rede territorial/regional e/ou nacional entre bibliotecas.

O plano contempla ainda estratégias transversais, nas frentes de: articulação institucional, que diz respeito à constituição, ao fortalecimento e à sustentabilidade da RT; realização de atividades de mobilização e engajamento de empresários de vários setores produtivos quanto à importância da leitura e de investir em sua promoção; e promoção da comunicação do grupo.

Neste primeiro encontro do ano, os 40 participantes tiveram a oportunidade de conhecer de perto essa proposta do projeto, tirar dúvidas, identificar sinergias e se reconhecer na ação coletiva, além de apontar de que forma cada organização pode apoiar o projeto da RT.

Tendo em vista a diversidade do grupo – representantes de institutos, fundações, organizações da sociedade civil, movimentos pela promoção à leitura, gestores públicos, consultores do campo, pesquisadores, professores, entre outros profissionais – foi possível identificar uma série de ativos presentes na RT que podem fortalecer e garantir a implementação do projeto, como recursos humanos e técnicos, além de materiais e metodologias disponíveis.

Todas as instituições presentes, que têm larga experiência nesta agenda, enfatizaram que pretendem colocar à disposição do projeto coletivo o conhecimento e os aprendizados das suas iniciativas individuais em formação de leitores (como o projeto Pequenos Leitores, da FTD Educação e da Comunidade Educativa CEDAC); formação de educadores (como o projeto Trilhas, do Instituto Natura); criação de bibliotecas (como o programa Bibliotecas Comunitárias, do Instituto Ecofuturo, e o programa CDI Bibliotecas, do CDI); reconhecimento de iniciativas na área (como o Prêmio Retratos da Leitura, do Instituto Pro-Livro); campanhas de incentivo à leitura (como o Programa Itaú Criança, da Fundação Itaú Social); disseminação de conteúdos (como a Plataforma do Letramento, do CENPEC); entre tantos outros.

“Acreditamos que, ao gerar estas sinergias, podemos mudar a percepção de ‘crise’ existente para um olhar de ‘não desperdício’ de toda essa matéria-prima e riqueza disponíveis que temos nas organizações e, com isso, seja possível liberar muito mais recurso para o campo”, ressalta Patrícia.

Próximos passos

Após este primeiro encontro, o grupo gestor da Rede Temática irá sistematizar os ativos levantados e repactuar com todos os combinados, a fim de dar continuidade ao plano de ação, que contará com a contratação de uma consultoria para ajudar a mobilizar e implementar as atividades previstas.

O grupo se dedicará também a validar o Manifesto da RT, que está em fase de elaboração. A ideia é ter um documento base que ressalte os princípios e visões comuns deste coletivo. O próximo encontro presencial será programado para maio.

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