Redes temáticas fortalecem a atuação dos investidores sociais em agendas comuns
Muitos debates, trocas de experiências e novos conhecimentos adquiridos, além, é claro, de conexões e aproximações de agendas comuns e estratégicas. Esse foi o ambiente vivenciado por mais de 475 participantes que estiveram presentes nos 15 encontros promovidos pelas cinco redes temáticas do GIFE em 2015: Saúde, Políticas Públicas, Desenvolvimento Local, Garantia de Direitos e Leitura e Escrita de Qualidade para Todos.
As redes são ambientes de diálogo propostos e coordenados pelos associados do GIFE, que realizam o aprofundamento de temáticas específicas do investimento social, a partir de sua atuação. Por meio das redes, os investidores sociais envolvem ainda outras organizações, criando oportunidades para a geração e circulação de informações, proposição e execução de iniciativas comuns, compartilhamento de práticas e produção de documentos conjuntos.
A criação e o fomento de espaços de aproximação entre os associados sempre foi uma das premissas do GIFE nestes 20 anos, mas em 2015 esta proposta ganhou um novo modelo a partir da experiência da Rede Temática de Saúde. Desde então, cada rede passou a contar com dois associados coordenadores, que são responsáveis, junto com um núcleo fixo formado por outros investidores, a planejar os encontros, inclusive articulando convidados externos para colaborar nas discussões, como especialistas, consultores e pesquisadores.
“Foi um modelo muito participativo, aberto e dinâmico, permitindo que os assuntos debatidos fossem realmente os mais latentes para os investidores sociais.Todos os grupos tiveram muita visão, promovendo encontros interessantes do ponto de vista de trocas e conhecimentos. É interessante perceber que, a partir de experiências compartilhadas, outros investidores também começaram a se envolver em algumas ações e a se beneficiar de iniciativas. A avaliação geral foi excelente, com possibilidades de conexões e ondas de aprendizado muito mais evidentes e fortes do que em grandes encontros”, comenta Ana Carolina Velasco, gerente de Relacionamento do GIFE.
As redes permitiram também a aproximação dos investidores sociais com outros grupos e atores sociais já atuantes em determinados campos, como a RT de Desenvolvimento Local, por exemplo, que se articulou com a RedEAmérica, o Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (GVces) e o GIZ (Agência de Cooperação do Governo Alemão).
Já a RT de Saúde, estabeleceu importantes conexões com o governo, por meio de uma aproximação com o Ministério da Saúde para a melhor compreensão sobre Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (PRONON) e o Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência (PRONAS/PCD).
Um dos produtos desta rede temática foi a elaboração de um posicionamento público sobre a importância da continuidade destas leis de incentivo. Junto com outras organizações que atuam no campo, uma das conquistas deste processo do qual a RT participou, foi justamente o fato de que os mecanismos foram prorrogados até 2021, sendo que a previsão era de duração até 2016.
Na avaliação de Fábio Deboni, gerente executivo do Instituto Sabin e um dos coordenadores da Rede Temática de Saúde, o grupo consolidou sua atuação em 2015, engajando mais profissionais do campo do investimento social privado que atuam ou se interessam pelo assunto, além de ser possível estabelecer novas reflexões sobre conceitos e concepções em Saúde e as interfaces com os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável).
“Para nós foi uma experiência incrível e também uma responsabilidade muito grande. Sabemos o quanto o tema da Saúde ainda não é o prioritário entre os investimentos sociais. Isso exigiu uma atuação bastante cuidadosa, ágil e colaborativa. Vale salientar que a sinergia existente no âmbito da coordenação da rede, entre o Instituto Sabin e a Fundação Vale, tornou este processo mais fluído e leve”, destaca.
Para 2016, inclusive, a proposta desta RT é intensificar o relacionamento com o Ministério da Saúde, organismos internacionais e demais atores-chave do setor, além de ampliar as discussões sobre a relevância da Saúde nas estratégias de investimento social privado de empresas, institutos e fundações.
Outra rede que também gerou um posicionamento público a partir de seus debates internos foi a de Garantia de Direitos. O grupo elaborou um documento contra a aprovação da PEC 171/93, que reduz a maioridade penal no Brasil, além de promover um seminário e oficina em comemoração aos “25 anos do ECA” (Estatuto da Criança e do Adolescente), em julho, em Brasília, reunindo mais de 90 participantes, com a presença de autoridades, sociedade civil e representantes do poder legislativo e judiciário. Um dos produtos foi, ainda, uma cartilha sobre o tema.
Já a RT Leitura e Escrita de Qualidade para Todos, renovou suas forças neste ano, a partir do novo modelo de formatação dos grupos no GIFE, e focou, em seus encontros, na discussão sobre pesquisas e estudos a respeito do tema, além de compartilhar estratégias das organizações na área. O grupo pretende, em 2016, estabelecer um planejamento estratégico para consolidar ações efetivas da rede e fortalecer a articulação com o governo federal, devido ao potencial que a RT tem junto ao Ministério da Cultura.
Em dezembro, por exemplo, Christine Baena Castilho Fontelles, diretora de Educação e Cultura do Instituto Ecofuturo e membro do núcleo coordenador da Rede Temática, apresentou o trabalho do grupo no “I Encontro Internacional de Políticas Públicas – Território Leitor”.
Ana Carolina Velasco destaca ainda a atuação da RT de Políticas Públicas, que conta com associados do GIFE com larga experiência na área e que tem conseguido promover conversas qualificadas sobre a relação do investimento social privado com as políticas públicas. Em 2015, o grupo dedicou-se a alinhar conceitos e também conhecer as conquistas e desafios de iniciativas já desenvolvidas pelos participantes. “Os cases apresentados inspiraram muito os demais investidores”, comenta a gerente do GIFE.
Neste ano, outros grupos também passaram a se reunir e estabelecer sinergias, não por temáticas específicas, mas por localização territorial – como a Rede de Investidores Sociais de Brasília e também de Curitiba -, ou por afinidade de propostas – como a Rede de Investidores Familiares, que ajudou a desenvolver a pesquisa “Retratos do Investimento Social Familiar no Brasil”, lançada em novembro. O modelo deu tão certo que a ideia é também montar um novo grupo em Porto Alegre.
Ao longo de todo o ano, o GIFE também ajudou a disseminar os conhecimentos e aprendizados das redes temáticas por meio da divulgação via site e demais redes sociais, além de estabelecer conexões com outras organizações para qualificar as discussões.
A partir das experiências adquiridas pelos grupos, a proposta é que todas as redes temáticas desenvolvam atividades no Congresso GIFE 2016, aprofundando e ampliando os debates no campo do investimento social.